quarta-feira, 15 de novembro de 2017

DIÁLOGO ENTRE XERÉU TRINDADE ( PEÃO QUE FEZ TRATO COM O DIABO ) E TIBÉRIO, EM PANTANAL.


DIÁLOGO ENTRE XERÉU TRINDADE ( PEÃO QUE FEZ TRATO COM O DIABO ) E TIBÉRIO, EM PANTANAL. 


( transcrevo / re-post ),

- Eu vim de um lugar de muito longe sabe, de gente " ingorante ", eu era " minino ", mas lá em casa a gente podia passar fome, podia não ter o que " cume ", mas tinha o terço toda noite. Sabe " cumé " que " prendi rezá " o Pai Nosso?

- Não, conta aí.

- Pai nosso que estás no céu, santo e " fincado " seja o vosso nome...

- " Ara " você tá brincando " homi ".

- Naquela hora que eles " fala ", assim na terra como no céu, que eu aprendi bem " dispois ", eles rezavam assim: " Asso na terra e como no céu ". E quando eles " agradecia " o pão nosso de cada dia...

- O que é que tem Trindade?

- Pão nosso de cada dia Tibério, eu " minino ", eu lembro da minha mãe puxando aquele terço, aqueles " homi " tudo de joelho agradecendo esse tal pão nosso de cada dia que a gente nunca tinha lá em casa, a gente não tinha nada, a gente não tinha nem esperança, mas " reza " tinha todo dia lá. Eu " assuntei " muto sobre isso, " assuntei memo ", e acho que eu acabei entendendo. Porque, quem fez essa " reza ", o Pai Nosso, não " divia de tá cum fome nem cum farta de pão ", porque, é " ingual " nós quando faz uma moda de viola. A gente faz uma moda de viola falando de amor, a gente precisa " tá " sentindo amor " pra falá "...

- É, isso é verdade.

- Então, quem inventou essa " reza ", o pão nosso de cada dia, nunca lhe devia sentir " farta " do pão encima da mesa Tibério, não é mesmo?

- É!

- Por ter aprendido " rezá " dessa maneira, que eu nunca mais rezei na minha vida. A não ser quando você ficou lá no " hospitar ", morre não morre, eu gastei uns " padre nosso " pra Deus, pra " sarvá " você meu amigo.

- Obrigado.

- Mas rezei com o consentimento do " cramulhão ".!

- É, Deus lhe pague.

- Vamos dormir?

- Vamos!

( Apaga-se a vela... ).

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