quinta-feira, 16 de maio de 2019

SOMOS TODOS " VELHO DO RIO "...!


SOMOS TODOS " VELHO DO RIO "...!


O clima ontem a noite aqui em casa foi diferente, a emoção tomou conta de mim e do meu parceirinho Jeday, era, mais uma vez o fim da novela PANTANAL, foi de chorar até pelos " cotovelos ".

Assistimos 3 vezes até então, a primeira junto com nossa mãe enquanto o Jeday era ainda pequeninho mas lembra até hoje de cada detalhe, de cada diálogo, ele é muito inteligente, prova disso é o gosto apurado por novelas de época e não por estas " porcarias " de hoje em dia. Quando assistimos com nossa mãe, o nosso pai não pode participar pois dava aula na Unoesc de Videira no período da noite, quando a novela estava no ar. E, segundo ele, não estava perdendo nada, pois não tinha cabimento que uma novela que tivesse Sérgio Reis como um dos atores principais fosse boa, dizia ele: " Sérgio Reis é bom, mas cantando, agora em novela vocês não me pegam!.".

Insistimos muito, em vão, ele nem dava bola e inclusive " tirava algumas da nossa cara ", alegava ele: " Javel, como vou confiar em você, logo em você que assistiu Carrossel ( primeira edição )...". Não sabia ele o que estava perdendo...

Vinte anos se passaram, minha mãe foi embora e meu pai ficou sob nossos cuidados e nós sob os cuidados dele, e o gênio da tevê brasileira Sílvio Santos, teve a feliz ideia de adquirir os direitos autorais de PANTANAL.
A novela para mim, Jeday e demais familiares aqui de casa iria recomeçar e para meu pai seria inédita, pois ele, depois de muito esforço nosso, topou assistir o primeiro capítulo. E não é que gostou...!

Assistimos juntos e já contei isso uma vez aqui, assistimos toda a novela, ninguém respirava na hora que a mesma estava no ar, foram alguns meses, imagino que uns 8 ou 10 meses em que nossa atenção era, naquele horário, dispensada tão somente ao PANTANAL.

Não foi a única novela brasileira que assistimos juntos, assistimos dezenas pois vivemos sempre juntos, mas as novelas que assistimos, todas elas, eram novelas de verdade, novelas de época, novelas no verdadeiro sentido da palavra, exemplifico com: Pantanal, Roque Santeiro, O Bem Amado, O Rei do Gado, Terra Nostra, O Tempo e o Vento, Gabriela Cravo e Canela, A Viagem ( esta, na época, a maior responsável pela minha recuperação sobre as drogas ), entre outras várias, daquelas sensacionais que só o Brasil era capaz de produzir...

Sim, porque os americanos são " ninjas ", mas para fazer filmes, em se tratando de novelas nunca, ninguém conseguiu superar o Brasil, mais precisamente a Globo, nunca até então... lá embaixo do texto quem sabe eu mude de opinião...

A emoção sempre foi uma constante dentro da minha casa, com Pantanal então ela aflorava a cada noite juntos em volta do fogão, comendo pinhão e tomando um " engasga gato ", ( como dizia Sinhozinho Malta em Roque Santeiro ). Viajamos altas e juntos ao som das " cantorias " do Pantanal, na voz e viola de Sérgio Reis e Almir Satter. Novela de ENERGIA ímpar que nos levou, nós mais meu pai até o último capítulo sem perder um sequer. Mas, como tudo que é bom sempre acaba, o Pantanal chegou ao seu último capítulo, meu pai antes " inimigo número 1 " agora já não se conformava que iriamos assistir ao epílogo.

José Leôcio era o nome daquele que só se diferenciava de meu pai no nome, pessoa íntegra, pai amoroso, um exemplo tanto dentro de casa quanto fora, com um coração maior que ele... nele, eu via meu pai, inclusive quando rodou o último capítulo e ele morreu, choramos todos, meu pai soluçava... e eu também, bem como todos daqui, mesmo que já tínhamos visto a novela e sabíamos do enredo.

Quando José Leôncio morreu " infartado " no último capítulo da novela eu senti algo estranho e olhei para meu pai que tal qual eu chorava e, sabendo que ele também era " cardíaco ", um pensamento " besta " me veio à cabeça, ou uma intuição...

" Será que no decorrer de nossa vida nós não vamos passar por uma situação igual a esta?"., afinal, além de " cardíaco " meu pai era igual o personagem, teimoso e se recusava consultar um médico, igualzinho na novela que terminava nos próximos minutos. Mas, coincidência ou não, igualzinho a meu pai, o Zé Leôncio não deixou de antes de morrer ajudar a todos que se aproximavam da sua fazenda, acolhendo seus filhos de forma ímpar, com um caráter desigual ( jamais visto em qualquer novela que viria posteriormente...), ele deixou tudo certo, tudo em ordem, inclusive um dia antes de sua morte, casou com a Filó, o verdadeiro amor de sua vida, cuidou inclusive das contas bancárias e da aliança que selava aquele amor de verdade.

Acabou! Juntos choramos pelo enredo e por não mais termos o Pantanal a distribuir ENERGIA POSITIVA dentro de nossa casa de hora em diante... que tristeza, afinal, foi sem dúvidas um " marco " em nossas vidas juntos de nosso pai.

Mas, a vida seguia, e seguiu, um ano se passou e numa manhã de Julho o destino, aquele mesmo descrito majestosamente pelo eterno BENEDITO RUY BARBOSA, veio nos visitar, mais uma vez, coincidência ou não, exatamente da forma que aconteceu com o Zé Leôncio naquela noite triste do Pantanal.
Meu pai foi embora! A cena se repetiu diante dos nossos olhos e aquele pensamento que tive um dia, um ano antes me veio na cabeça no exato momento em que tentava " resuscitar " meu pai, meu Zé Leôncio, com uma massagem cardíaca, em vão, as duas ou três, em vão.

Não estávamos longe, não estávamos lá no Pantanal, mas foi como se lá estivéssemos, os bombeiros falharam e meu pai foi embora sem chance de socorro, assim como o Zé Leôncio, que quando sentiu as dores do " infarto " ainda cogitou a hipótese de esperar seu filho Joventino acordar para levá-lo a São Paulo para fazer aqueles exames que ele não terminou um dia...

Não só a história, mas eles, os personagens, Zé Leôncio e meu pai eram tão parecidos, que parece que não poderia ter " terminado " diferente... meu pai já estava se sentindo cansado também, já havia fugido de exames, mas como o Zé Leôncio deixou tudo em dia, tudo em ordem, desde os pneus novos no carro, o seguro em dia, uma economia que nos daria impulso para " recomeçar " e tudo mais, tudo, inclusive aquele abraço e suas 3 " batidinhas " costumeiras atrás de nossas cabeças, junto com o abraço de boa noite.

Meu pai virou o VELHO DO RIO, uma presença constante na vida de todos aqui de casa, na minha principalmente que de hora em diante assumiria as " rédeas " de toda e qualquer situação porvir. Ele continua até hoje, mesmo que de forma invisível, igual ao VELHO DO RIO, a me inspirar, me dar força, me dar coragem, não deixando que pensamentos de " desistir " se aproxime de mim, bem como de nenhum de nós.

Ele não pode mais ser visto, mas é sentido pelos filhos, pela nora, e pela neta, ele é hoje, e outra vez coincidência ou não, o nosso VELHO DO RIO...!

Terminamos ontem, Jeday e eu mais uma jornada de PANTANAL, ontem pela terceira vez a novela terminou aqui em nossa casa e nem preciso falar que a emoção tomou conta, mais forte que sempre, os soluços foram diferentes das outras vezes, tanto para mim quanto para o Jeday, pois a VIDA nos fez passar pela mesma ocasião e ontem mais que nunca, nos trouxe lembrança... mas, logo em seguida nos trouxe também CONFORTO e ACALENTO, e os motivos deste conforto são bem simples, muito mais simples que se possa imaginar...

Conseguimos nós sobreviver e assistir mais uma vez o PANTANAL juntinhos, matamos a saudade do nosso querido e velho ( do rio ) pai, extravasamos algumas lágrimas que estavam presas a tempo e nos sentimos aliviados e o principal de tudo, conversando concluímos que a VIDA NÃO TEM FIM, a vida começa exatamente onde ela termina, ou seja, aqui ou lá, como os " VELHOS DO RIO " estaremos sempre unidos e ligados, juntinhos ou não, por uma FORÇA muito maior do que aquela que imaginamos que existe só aqui nesta vida!

Claro que ontem quando acabou o PANTANAL novamente, outra vez um " pensamento bobo " ou uma intuição me ocorreu..., será eu desta vez o próximo a ocupar o lugar do VELHO DO RIO???
Bem, isto só o DESTINO poderá me responder, até porque se depender da minha teimosia, que herdei do meu pai em relação aos " exames do cardiologista ", há grandes chances!

Bem, enquanto isso, fico por aqui com meu texto, espero ter agradado, veio do coração, um coração surrado mas um coração, só não poderia em hipótese alguma terminá-lo sem uma " CRÍTICAZINHA BÁSICA " sobre os LIXOS que muitos de vocês gostam ou teimam em assistir até por falta de opção. Novelas hoje, regadas de prostituição, corrupção, impunidade, modinhas, modernidades de toda sorte, sem nenhuma história, sem sequer um enredo, onde já é de praxe que o " bandido " sempre será o " mocinho " ao seu término, no meu ponto de vista, uma verdadeira " BOSTA ", e, mais um sinal da decadência da televisão brasileira bem como de seus telespectadores.
Doa a quem doer, mas NÃO SE FAZEM MAIS NOVELAS COMO ANTIGAMENTE...!

E, se DEUS quiser, que venha pelo menos a quarta exibição do PANTANAL e sua enxurrada de ENERGIA POSITIVA, pelo menos na minha casa...!

Partiu, recomeçar assistir pela quarta vez o ROQUE SANTEIRO, afinal, BOM GOSTO, ou você TEM, ou você NÃO TEM...!

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