sábado, 25 de agosto de 2018

O " VIRADO DE FEIJÃO " E A MINHA SEGUNDA MÃE.

O " VIRADO DE FEIJÃO " E A MINHA SEGUNDA MÃE.

( relato / pensando alto ),
Um pulinho logo ali, quando o amor ainda não vinha embalado em um envelope de Sazon...
Estava aqui comendo " virado de feijão " e lembrei da melhor sogra que esse mundo já conheceu, a minha, Palmira era o nome dela!
Bah, foram tantas, mas só uma, só ela me entendeu em um período crítico que eu passava na época, nem esperava isso dela tamanha era a sua simplicidade, mas fui surpreendido, e quando eu mais precisava.
Pegava a filha dela na faculdade ás 22:30 ( na verdade pegava bem antes... ) e ia direto para a casa da sogra, chegava lá em torno das 23 horas, e ela não queria saber se estávamos com fome ou não e logo colocava a tevê de lado, levantava do sofá, e com um mega sorriso no rosto daqueles que fazem o olho brilhar ( lacrimejar ), pegava suas panelas simples que brilhavam como igual eu nunca vi nem na minha casa ( que também era um brinco ) e começava a fazer o " café ", na verdade café com virado de feijão, mexido de ovos, carne de panela requentada do meio dia, pão caseiro e fresco e mais uma dezena de comidas que só ela, com toda aquela sua simplicidade sabia fazer.
Era uma hora mais ou menos sentado á mesa e mesmo assim parece que não conseguíamos saciar a fome de tão especial eram as mãos que faziam aquelas comidas meio assim, " tropeiras ".
Ao final, conversávamos mais um pouco, nos despedíamos e eu invés de deixar a filha dela com ela, carregava ela para minha casa comigo, e lá ficava a minha segunda mãe sozinha mais uma vez, porém feliz e rindo a toa por termos ido lá para " tomar um café " com ela, que já tinha jantado sempre mas nos acompanhava á mesa durante aquela hora.
Era incrível e eu também nunca vi igual, como uma mulher conseguia preparar tudo aquilo que ela fazia para nos servir em questão de 10 ou 15 minutos, com a mesa posta inclusive, acho até que foi ali que comecei a admirar e entender a tênue diferença que separa uma mulher de uma " mulher ".
Ela partiu, e eu " salvei " para mim o xerox, acho que meus pais tinham mesmo razão quando me diziam que, dentre tantas ( mas tantas mesmo ) que passaram eu não poderia ter feito escolha melhor na vida. Mesmo que, em matéria de cozinha meu " xeroquinho " caiu um pouquinho longe do pé, mas, de contrapartida, foi ela que ( ou é ela ) que me aguenta há mais ou menos 27 anos e que enfrentou todos os desafios e as perdas que a vida colocou na minha vida, aqui, junto comigo.
Em resumo ( para não me estender outra vez ) acho mesmo que eu merecia ela, ou ela tem um " karma para pagar " comigo, ou ainda que é um fato mesmo que Deus escreve reto por linhas tortas, afinal, foram tantas sogras que me detestavam e tantos sogros que rogavam a minha morte, chamavam a policia para mim, tentavam me atropelar propositalmente e etc, tamanho era a ira deles comigo que até hoje, quando me pego a pensar, termino sempre por agradecer a Deus por essa " compensação " que eu tive, tanto em se tratando de sogra, quanto de sogro.
É, eu não poderia ter " alinhavado " melhor a minha vida em meio a tantas " linhas coloridas " que se trançaram ao longo de toda a confecção da minha " cortina do tempo ".
E geralmente é quando como um " virado de feijão " ( por exemplo ), com o mesmo gosto daquele da minha sogra que percebo isso, e diante disso, refirmo sempre e uma vez mais o meu compromisso, este que só há de terminar um dia, se for para terminarmos juntos.
Enfim, saudade da sogra, e do sogro ( esse que fumava um cigarro comigo na " varanda " enquanto batíamos um papo depois do almoço ), saudade sem um motivo específico, a não ser o tal do " virado de feijão ". Ah, e como não poderia ser diferente, deixo aqui o registro ( para minha linha do tempo ) de mais esse pensamento meu...!
" EXISTEM CERTAS OCASIÕES EM QUE UM HOMEM TEM DE REVELAR METADE DO SEU SEGREDO PARA MANTER OCULTO O RESTO.". - Philip Chesterfield.

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