domingo, 22 de julho de 2018

UMA " PALHINHA " DE ENGENHEIROS DO HAWAII.

UMA " PALHINHA " DE ENGENHEIROS DO HAWAII.

( ponto de vista / pesquisa / assunto sugerido ),
Na faculdade, os estudantes de arquitetura e engenharia se envolviam em rixas curriculares, filosóficas, estilos de vida opostos... enfim, o pessoal da arquitetura inventou um apelido pra acabar com os inimigos.
" Todo estudante de arquitetura é meio arrogante, acha que os engenheiros estão abaixo. Tinha um pessoal na engenharia que usava aquelas roupas de surfista, e, para irritá-los, nós fazíamos questão de chama-los de " engenheiros " e, mais do que isso, engenheiros do hawaii, que é um paraíso meio kitsch ".
Na época, Porto Alegre e o Brasil presenciavam uma explosão de bandas punk, quase sempre com nomes heroicos: Cavaleiros do apocalipse, Virgens Nucleares, Legião Urbana, Titãs, Replicantes, Garotos de Rua e etc... o que segundo Humberto também contribuiu para a adoção do nome: " Sempre me assustou essa coisa heroica da música pop, porque te leva a ser meio semideus. Engenheiros do Hawaii era um nome desmistificador, ninguém nos levaria muito a sério. É um nome que até hoje nos protege de nos encararem como sacerdotes.".
11 de Janeiro de 1985. Essa foi a data do primeiro show, por sinal coincidindo com a abertura do Rock in Rio I. Enquanto no Rio são soltas centenas de pombas da paz os três engenheiros apresentavam com um repertório variado que ia de " Ô Mônica, abrace o elefante...", passava pelo jingle do chocolate Sem Parar, Lady Laura ( Roberto Carlos ) até a abertura do seriado Hawaii 5.0, além de uma ou duas músicas próprias, todas tocadas em compasso de reggae. " O Marcelo adorava e era a coisa mais fácil de tocar ", lembra Humberto.
Saindo da capital. Na semana seguinte tocaram na faculdade de medicina ( palco das primeiras vaias ), em um bar, em outro, em outro... de bar em bar resolveram viajar pelo interior do Rio Grande. " Chegávamos nas rádios de manhã com uma fita para o cara da rádio, ele tocava e fazíamos o show à noite.".
Um ano depois do revolta os Engenheiros lançam um novo LP - Ouça o que eu digo não ouça ninguém ( 1988 ). Neste disco começam a aparecer elementos novos na música dos Engenheiros. Pela primeira vez o teclado é incluído nos arranjos, e surge aí também a primeira composição de Gessinger e Licck.
" Somos absolutamente fascinados por isso, frases de efeito ou sei lá como chamam. De repente, duas coisas estandardizadas como o símbolo hippie e uma engrenagem, quando juntam vão formar uma outra coisa. Essa é uma viagem da banda.".
" O que me fissura nos ditados é que são super presentes. Fico atento pra pegar essas pérolas, essas frases de caminhão. A gente subverte uma palavra no fim e já cria um efeito ambíguo. O nonsense e o abstrato são geniais, o supra sumo da cultura ocidental. Mas hoje em dia eu tenho horror da sua vulgarização. Acham que todo nonsense faz sentido, caretearam. O que a gente tenta é sair desse atoleiro de nonsense. É buscar o significado e enlouquecer, desmistificar a razão. Pegar um ditado teoricamente careta e subvertê-lo.".
Terra de Gigantes e Toda Forma de Poder em gravações ao vivo, algumas delas embaladas em novos arranjos feitos especialmente para os shows. O disco foi gravado no Canecão e fazem parte também duas músicas inéditas: Nau à Deriva e Alívio Imediato, ambas gravadas em estúdio.
Em 1990 os Engenheiros lançam o quinto LP, O Papa é Pop. Neste disco a banda grava pela primeira vez uma música que não foi composta pelo grupo. Era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones, primeira música que Humberto aprendeu a tocar ao violão, ainda criança, e que era tocada inicialmente pela banda em showmícios para eleição presidencial de 1989. Este disco alçou os Engenheiros a categoria de " melhor banda de rock do Brasil ". Vendeu mais de 350 mil cópias e estourou com as músicas: O Papa é pop, Exército de um Homem só, Era um garoto...( por coincidência em uma época de guerra ), Pra ser Sincero e Perfeita Simetria. Além de tantos sucessos, as rádios ainda descobriram Refrão de Bolero, música do segundo LP da banda.
Os Engenheiros foram a única banda brasileira a se apresentar no festival elogiada pelo jornal americano The New York Times, enquanto a Folha de São Paulo ignorava solenemente duas apresentações da banda para um Ibirapuera lotado, não divulgando nem em roteiro.
No início de 1993, os Engenheiros participaram do Hollywood Rock, abrindo o show do Nirvana, maior banda do movimento grunge, em pleno auge do movimento grunge.
Gravação do Filmes de Guerra, Canções de Amor foi o nome do oitavo disco da banda, fazendo referência a uma canção do disco A Revolta dos Dândis.
Pra selar os novos tempos sai 10.001 destinos, uma edição especial revista de 10.000 destinos dando prosseguimento à maior coletânea dos Engenheiros já lançada, completando 26 músicas em 2 discos. A capa com novas cores e a apresentação dos novos integrantes adicionam um sabor a mais, e especial, ao disco original: 16 músicas gravadas ao vivo no Palace, mais 4 feitas em estúdio. Com as 7 novas em estúdio, 10.001 Destinos soma Lado A e Lado B, sucessos e canções referenciais dos Engenheiros.
Enfim, difícil encontrar alguém que não teve sua juventude ou parte dela embalada por esses ícones, eu mesmo curti muito com eles, e ainda é sempre bom ouvir Engenheiros, seu som renova a audição musical com letras inteligentes.
As músicas dos Engenheiros literalmente nos fazem viajar e sentir saudade, são ótimas e de qualidade assim como as músicas de outras diversas bandas da época, que por sinal, atualmente e lamentavelmente está fazendo falta " nas prateleiras " do mercado por aqui...!
E para quem não viveu os bons tempos, elegemos duas músicas dos Engenheiros do Hawaii para ilustrar nossa singela homenagem, segue os links:
" A MÚSICA É O TIPO DE ARTE MAIS PERFEITA: NUNCA REVELA O SEU ÚLTIMO SEGREDO.". - Oscar Wilde.

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