COCAÍNA, EU TE VENCI...!!!.
( A minha história com as drogas... ).
( P.V / R / R.P / 1-4 / 161-2017 )
E quem imaginaria que eu um dia ia me envolver com drogas? Logo eu que sempre tive tudo o que eu quis, que nasci em berço de ouro em se tratando de dois quesitos " carinho e conforto ", justamente eu que quando ainda pequeno tremia de só de ouvir a palavra " droga " na televisão, porque eu e porque os meus pais que sempre fizeram tudo e de tudo por mim?
Só mesmo o tempo para responder, nada melhor que o tempo para fazer você rememorar sua consciência e ver que fez tudo errado, às vezes pode demorar 5, 10, 15 anos...
Porque eu? Por quê eu fui trouxa e fraquejei, ponto fundamental.
Tudo começou por volta de 1.992, quando eu, um menino de classe média em um grupo de amigos que imbuídos por outro " amigo ", o mais velho de todos, resolvemos experimentar, pois bem, experimentamos, alguns foram espertos, experimentaram e caíram fora, outros devem estar lá até hoje...
E eu, como tinha experimentado aquilo que a televisão chamava de " morte " e não havia sentido nada, re-experimentei e depois de ter re-experimentado algumas vezes, não entendia onde a cocaína era tão perigosa como a tevê falava, se eu estava usando ela no dia a dia e nada de anormal eu sentia além do aumento dos batimentos cardíacos, assim passaram alguns dias até que cansado de procurar o efeito da droga resolvi que era hora de parar de tentar. Tarde demais, em tudo o que eu fazia ou pensava, lá estava ela me convidando para um novo encontro, e eu continuei, porque lá onde eu encontrava com ela é onde estavam as " gatinhas ", os " amigos ", enfim, em curto prazo de tempo...
[ ATENÇÃO:
Este texto foi ao ar no dia 10/12/2015, em dois horários, ao vivo às 14:00 e em reprise às 02:00 da manhã, através do Programa Eli Corrêa na Rádio Capital de São Paulo.
O texto é extenso e caso você não tenha paciência para ler até o final, colo aqui um " improviso " da narração do glorioso Eli Corrêa...
Para ouvir a continuação da minha história basta clicar no link que segue: https://youtu.be/
... menos de um mês eu diria, meu mundo estava lá, tudo era fácil, tudo era bonito, eu era " o cara ", tudo bem que eu não era o cara, mas era assim que eu me sentia.
E a vida no verdadeiro sentido da palavra estava sumindo das minhas mãos...
De um menino normal, ao fundo do poço em 5 anos, tudo que tinha começado em um brincadeira de amigos agora havia ficado crítico, culpa dos amigos? Não, a culpa foi minha!
Na metade deste tempo de 5 anos tudo parecia estar ainda em seus devidos lugares, parecia, mas não estava, todo dinheiro que eu ganhava trabalhando com meu pai, e ganhava bem, sumia em questão de uma semana..
Em 1.995 nasceu minha filha, presente de Deus, mais para meus pais como um " bálsamo " pelo sofrimento deles comigo do que pra mim, afinal, mesmo depois de ela ter nascido eu ainda continuei por 2 anos, culpa dela? Não, a culpa foi minha!
Na última metade desse tempo o dinheiro que eu ganhava não era mais o suficiente, comecei a roubar de mim, relógio, pertences, cd'ss, aliança, e depois, de dentro de casa, dinheiro, folhas de cheque em branco e assim foram também carros e até apartamentos...
Minha saúde estava precária em 1.997, nos últimos dias de cocaína eu já nem levantava da cama no auge dos meus " 45 kilos ", nos dois últimos anos minha alimentação era a seguinte: Bolacha Água e Sal e Leite, bem, vou parar de detalhar para terminar de escrever ainda este ano...
... foi então em 1.997, pela dor e não pelo amor, pela fé e dedicação de meus pais e minha esposa que conheceram uma mulher de nome " Ladir ", mentora de um Centro Espírita chamado LAR HOLÍSTICO, quando eu soube fiquei irado, me senti e senti meu vício ameaçado por essa " criatura ", tentei fugir do dia do encontro com ela em minha casa mas foi em vão, naquele momento Deus operava " o maior milagre da minha vida ", através do esforço e da fé dos meus pais, eu que antes prometia não recebê-la e até empurrá-la escada a baixo, fui tocado por aquele olhar firme e penetrante, olhar sem dó, olhar de imposição, olhar desafiador, como mesmo sem falar ela tivesse me dito: " Que é isso menino? Levanta já dessa cama e vamos já cuidar da vida! ".
E lá fui eu viver as horas mais difíceis e ao mesmo tempo mais fáceis e agradáveis da minha vida, ( quem dera tivesse aproveitado a oportunidade para largar o cigarro, incentivo eu tive... ), difíceis devido a rigorosidade do controle que o centro e meus pais exerciam sobre mim, afinal, qualquer descuido, um telefonema ou uma olhada na janela tudo poderia estar novamente perdido, até porque " os amigos " poderiam estar por perto... e mesmo não sendo os culpados exerceram o papel de cúmplices..., e fácil, porque no fundo, com o carinho e a ajuda dos meus pais, esposa, mentora e toda a sua equipe comecei tratamento neste centro onde mais tarde, depois de ter passado o período crítico da " síndrome de abstinência ", trabalhei por 4 anos, tentando devolver às pessoas que nos procuravam para obterem " N " tipos de ajudas, um pouquinho daquilo que DEUS tinha feito por mim um pouco antes, naquele momento crucial...
No meu tempo no Centro tudo foi simplesmente mágico, a promessa da minha Mestra era que eu não largaria a droga de uma vez, e sim aos poucos, porém o tempo foi passando e nada de ela cumprir sua promessa, pois acho que foi essa a tática dessa parte de " anjo da guarda " em minha vida para que o tempo fosse passando e eu não notasse ou sentisse a falta da droga, pois passava doze horas do meu dia ocupado em atender ou recepcionar pessoas com problemas até muito maiores que o meu, ou não, lá, além dos em torno de 80 trabalhadores que chegamos a ter divididos em dois turnos, atendíamos em torno de 500 pessoas por semana, o que de fato ocupava minha mente de uma forma totalmente diferente, de uma forma honrada, gostosa, limpa e gratificante, e o mais interessante de tudo, voluntária, que saudade do meu Centro... ( só parei de trabalhar lá, pois já recuperado, precisava trabalhar onde me rendesse algum...).
As outras doze horas do dia, que compreendiam das 23:00 à 11:00 do outro dia eu estive amparado pela outra parte do meu " anjo da guarda " que eram meus pais e minha esposa.
Claro que recebi também tratamento ambulatorial para ter melhor êxito nessa empresa e este na época ficou a cargo do Dr. João Gomes, que por incessantes vezes em minhas consultas não deixou de conversar muito comigo, foram horas e horas, um verdadeiro amigo, na época novo na cidade era meu médico, hoje é o médico de todos.
Passados 4 anos de trabalhos no LAR HOLÍSTICO, tive vontade forte mesmo apenas uma vez, foi no sexto mês quando meu carro por um momento pareceu tornar-se indirigível e a dúvida que me atormentava era, o que fazer? Corro ao Centro e converso com a Mestra ou me faço de desentendido e vou no " Cri... " e faço este experimento comigo mesmo???
Meu Deus, foi você que me levou naquele exato momento para os braços da minha Mestra, que ao ouvir minha declaração de coração, com um carinho e duas ou três palavras me fez cair na realidade que sei lá porque tive a um palmo de renegá-la mais uma vez. Mas superei!
Então, depois dessa " fissura " após os seis meses nunca mais tive vontade, cheguei a ver várias vezes a droga perto de mim, no próprio Centro onde as mães desesperadas se perguntavam: " O que será isso que achei nas coisas do meu filho? ", e era droga, e lá começava mais uma luta como foi a minha um dia, muitas sem êxito...
Uma luta injusta porque o traficante usa uma arma que realmente os pais da minha época, exemplificados aqui pelos meus pais, desconheciam, já os pais de hoje, como eu, temos mais facilidade para enfrentar esses " sujeitos " e até nossos filhos na hora do " perigo eminente ".
Sempre vivi com minha família, pai, mãe, irmão, esposa e filha, só... tive tudo que um ser humano pode desejar, desde os pais mais carinhosos do mundo, o melhor irmão ( Síndrome de Down ), a melhor esposa, o melhor emprego, meu pai não trocava de carro para poder trocar o meu quase que anualmente, se eles erraram me dando tudo?
Pode até que sim..., por quererem dar a mim o conforto que não tiveram, mas, em hipótese alguma admito repartir a culpa com meus pais, e muitas vezes conversamos sobre isso e eles entenderam meu ponto de vista, porque na verdade só existiu um culpado, " EU ", o idiota da história sempre fui eu, nem a inocência de seus pais nem o espírito de porco do seu " melhor amigo " te leva a nenhum extremo que você mesmo não se predisponha...
Nunca ninguém me obrigou abandonar estudos, chutar de lado tudo que me faria bem, pelo contrário, estaria formado 3 vezes se dependesse da vontade dos meus pais. Mas, nada como o tempo para fazer você reavivar sua memória, e se arrepender de muitos conceitos e se orgulhar de outros...
A verdade é que o " DIA 4 DE ABRIL " não poderia passar desapercebido e sem uma agradecimento meu a todos que participaram de uma forma ou de outra na minha recuperação, hoje, fazem exatos 20 anos que estou longe do abismo, livre do vício da cocaína e da abstinência, ouso dizer da abstinência tendo em vista que oportunidades não faltaram, amigos usando em rodas também não, coisa triste de se ver, uma droga que eu desconheço mas que vêm arrebatando a juventude, o Crack, mas, aí fica um pedaço da minha história para você tentar " se ligar " no verdadeiro sentido da palavra, dos danos que isto pode causar a você e a sua família.
Enquanto você usa a droga nada parece acontecer , é depois que você pára que você terá que ser " homem ao cubo " para enfrentar as torturas e sequelas deixadas por ela. Tem que ser MACHO! Daí o baixo número de pessoas que não conseguem se livrar do vício...
Eu? Eu renasci, e meu renascimento foi para mim até mais importante que meu nascimento, porque quando eu nasci de nada lembro, mas do meu renascimento lembrarei para o resto da vida, de cada detalhe que não entraram nesse depoimento, até porque se eu fosse dar lugar a eles eu ficaria muito tempo a escrever, por hora, agradeço acima de tudo a DEUS por ter me concedido uma " segunda chance "... quantos amigos meus meus não a tiveram...
Agradeço aos meus pais que hoje não estão mais aqui, estão no céu prestando atenção em cada linha que escrevo aqui, porque é assim que eu sinto, é assim que eu aprendi, é assim que eu acredito, não peço desculpas aqui porque tive o tempo necessário para me arrepender, pedir desculpas, ser perdoado e juntos reconstruir nossa vida.
Obrigado à minha esposa, meu irmão, minha filha e aos amigos do Centro na época, depois de Deus, dos meus pais e da minha própria força de vontade mesmo que pela dor, vocês foram muito importantes, por isso escrevi e dedico este texto a MIM e a todos vocês. Ah, e só a vocês... à sociedade só por " caráter ilustrativo " para que os jovem jamais se deixem levar por este " malévolo desconhecido ".
Ops, não podia esquecer também daqueles que mesmo sem saber o que estava acontecendo dentro de mim, me julgaram e me sentenciaram, a vocês deixarei de lado hoje o " Foda-se ", porque estou feliz e todos que estiveram comigo também estão, então, os convido a compartilhar da nossa Vitória! TIM TIM...!!!.
( Para minha Mãe e meu Pai, com Amor, Saudade e hoje com muito Orgulho...! ),
Javel.
Observação: Finalizo com um comentário sobre a narração do Eli Correa:
Foi emocionante e gratificante para mim, e segundo informações que tive hoje via e-mail dos produtores do programa, também foi de grande valia para centenas ou milhares de pessoas que, tal qual eu e meus pais na época, estão passando por problemas semelhantes e que já fizeram contato com a rádio para conseguirem o áudio original e poderem ajudar a quem está precisando.
Aproveito este para agradecer a todos os envolvidos, em especial a Ursula Pacolo Corrêa ( produção ), ao Eli Corrêa ( narração ) pela oportunidade, bem como a todos os milhares de ouvintes do programa " Que saudade de você " da Rádio Capital que se sentiram tocados com a minha história.
Obrigado Deus e mais uma vez, por mais essa oportunidade de poder AGRADECER, e de alguma forma poder AGRADECER ajudando a quem precisa...!
" HÁ VÁRIAS FORMAS DE AJUDAR O PRÓXIMO, MESMO QUE ESTE PRÓXIMO NÃO QUEIRA...!.".
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