Tá, e daí???
Entendo que se o mecânico falou, tá falado.
- Pode rodar sossegado!
Mas sabe como é, 50 anos te deixa com um pé meio que atrás, o jeito foi pedir um conselho ao seu Barbosa, frentista de confiança do posto:
- Será que arrisco Rio das Antas? E, será que não pifa alguma coisa?
- Pare Javel, você pode arriscar Rio de Janeiro se quiser, tá tudo zerado aí, além do mais, Fusca é um carro que foi feito para atravessar desertos...
A frentista que ouvia por sua vez:
- Cara, você passando o trevo da entrada da cidade e a lombada do Figueiroa, é 10 minutos. Estrada " top "... créditos a ela.
Fui, que sensação gostosa, diferente, para quem está mal acostumado com hidráulico, eletrônico, elétrico, digital, ABS, GPS e etc... você faz força, você faz exercícios físicos para dirigir um carro mecânico, te fortalece os braços, as pernas, tudo enfim, te renova.
Diferente dos carros de hoje em dia, indiscutivelmente lindos, totalmente confortáveis, computador de bordo que fala inclusive ( mesmo que o Collor tinha toda razão quando disse que, se comparados aos lá de fora, são verdadeiras carroças...), então, exercícios ou " fazer uma forcinha " que é bom, nada!
Ainda mais para nós, além de mortais, sedentários...!
Partiu! Armandinho no comando do desestresse para começar a semana " afiadíssimo " na Tribuna. Afinal, tô aqui para isso...
Rio das Antas, que cidade boa deve ser para se viver, que paraíso, o silêncio fala por si, aquela musiquinha vinda da igreja da cidade às 18:00 que se faz ouvir por toda a pequena cidade bem organizada, limpa e calma te enche de boas energias, te deixa calmo.
Os fiéis se dirigindo a pé à igreja, os casais de mão pegadas, todos com um sorriso estampado no rosto, todo mundo cumprimentando todo mundo. Que delícia!
Contraponto é que se você não levou o " pique nique ", estaria " lascado " não fosse um único posto de combustíveis e sua modesta loja de conveniência...
Cheguei lá e o atendente me chamou pelo nome, " diga Javel...", como? Ainda não sei! De certo por conhecer meu pai que atuava lá, tanto era conhecido que na minha última passagem com o KA do meu pai naquele mesmo posto, o frentista, bem triste na ocasião me disse: - Esse " Kazinho " é do falecido Dr. Jurandir né? Ele sempre abastecia aqui conosco...!
Em frente, deu boa, lá tinha Ruffles de churrasco, De Montão, Guaraná Antarctica, Sulflair, água mineral sem gás, Heineken para a " carona " e até guardanapos para um " banho de gato " depois do lanche.
Não, ainda não poderia me dar o luxo de " morrer " lá, em Rio das Antas. Pena né? Eu também acho! Até lá, continuo por aqui...

Um " pique nique " caprichado e bora de volta, impossível não lembrar e pensar quantas vezes meu pai fez este trajeto, duas vezes por semana no mínimo, com o mesmo carro por durante muitos anos, aliás, ele ia além, fez duas faculdades fora daqui, uma em Palmas e uma em Itajaí, com o mesmo carro e de acordo com ele próprio, nunca trocou nem um pneu. O melhor e mais prudente motorista que já conheci, espero ter herdado, pelo menos isso...
Lembrei também também de uma vez, quando eu ainda era novo, tinha lá meus 17 e cheguei na Videcross de Caçador e o gerente da época, o Robertinho me chamou na sala dele e começou me contar sobre uma de suas vindas de Videira para cá transportando motos, duas por vez em cima de uma Saveiro e que certo dia, dia daqueles cansativos de sol alto e forte, na metade do caminho o trânsito no asfalto de Rio das Antas até aqui ficou complicado, tudo começou a não fluir, diante dele uma fila enorme e os carros andavam mais devagar que o normal, ao que ele pensou:
" Nossa, deve ter acontecido algum acidente logo adiante, quem sabe uma fiscalização da Polícia Rodoviária, obras na pista quem sabe, mas quando passei de ida, estava tudo normal...".
- E aí Robertinho, o que era que segurava o trânsito?
- Javel, eu estava atrasado e resolvi arriscar, acelerei e ultrapassei até onde não devia, estava cansado e precisava chegar logo, suando e até arriscando um pouco, passei algumas dezenas de carros e descobri o que segurava o trânsito, era o seu Jurandir, com seu Chevette ( conheci pelas capas nos bancos ), que ia tranquilamente em seus " Sessentinha ", vidros fechados, imersos em seus pensamentos e de fora dava para ouvir LAGO VERDE E AZUL, do Oswaldir e Carlos Magrão que vinha do toca fitas do Chevette do seu pai. Me restou rir...!
Me lembrei dessa historinha hoje, na volta, quando eu, acelerando com responsabilidade, pisava tudo e o ponteiro geralmente estava ali, nos " Sessentinha ", chegou a subir mais nas retas, mas de média " Sessentinha ", na " Garganta do Diabo ", " Sessentinha ", XUPA!
Ah, e atrás, fazendo eu rememorar meu pai, as histórias de seus amigos, suas idas e vindas, suas faculdades com seu Fusca, bem atrás, a história se repetia bem antes da metade do caminho de volta, olhei pelo retrovisor, já era noite e o que vejo?
Exatamente! Como se fosse a mesma cena, uma fila quilométrica de faroizinhos, um atrás do outro, muitos até inquietos, mas todos respeitando o direito de ir e vir do meu " Cinquentão " que se mostrou em plena forma, melhor que a encomenda eu diria.
Apressadinhos, para evitar o estresse já deixo a dica, vão pensando em fazer " novo cálculo da rota ", afinal, nossa próxima parada será Porto União...!
Bem, depois de mais um final de semana, com muito vento na cara, com companhias interessantes, com momentos eternizados, com músicas desestressantes e com o BEM MAIS PRECIOSO que meu pai me deixou, a MINHA FAMÍLIA, e, de baterias recarregadas, declaro ABERTA a nova semana e reaberta a Tribuna do Javel®...
Pode parecer " inacreditível ", mas há quem " pire " com essa notícia...!
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