domingo, 26 de março de 2017

CHIMARRÃO, DA ORIGEM Á CUIA...!

CHIMARRÃO, DA ORIGEM Á CUIA...!

( ponto de vista / pesquisa / assunto sugerido ),
A palavra chimarrão tem origens no vocabulário espanhol e português.
Do espanhol cimarrón, que significa chucro, bruto, bárbaro, vocábulo empregado em quase toda a América Latina, do México ao Prata, designando os animais domesticados que se tornaram selvagens.
" E assim, a palavra chimarrão, foi também empregada pelos colonizadores do Prata, para designar aquela rude e amarga bebida dos nativos, tomada sem nenhum outro ingrediente que lhe suavizasse o gosto.". ( Elucidário Crioulo, de Antonio Carlos Machado em História do Chimarrão, de Barbosa Lessa, 57 ).
Marron em português, além de outros significados, quer dizer clandestino, e cimarrón, em castelhano, tem idêntico significado. Ora, sabe-se que o comércio de mate e o preparo da erva foram em tempos passados proibidos no Paraguai, o que não impedia, entretanto, que clandestinamente continuasse em largo uso naquela então colônia espanhola. ( Vocabulário Sul-Rio-Grandense, Luís Carlos de Morais, 72, em História do Chimarrão, de Barbosa Lessa, 57 ).
O Chimarrão é um legado do índio Guarani.
Sempre presente no dia-a-dia, o chimarrão constituiu-se na bebida típica do Rio Grande do Sul, ou seja, na tradição representativa do nosso pago. Também conhecido como mate amargo, como bebida preferida pelo gaúcho, constitui-se no símbolo da hospitalidade e da amizade do gaúcho. É o mate cevado sem açúcar, preparado em uma cuia e sorvido através de uma bomba. É a bebida proveniente da infusão da erva-mate, planta nativa das matas sul-americanas, inclusive no Rio Grande do Sul.
O homem branco, ao chegar no pago gaúcho, encontrou o índio guarani tomando o CAA, em porongo, sorvendo o CAÁ-Y, através do TACUAPI.
Podemos dizer, que o chimarrão é a inspiração do aconchego, é o espírito democrático, é o costume que, de mão em mão, mantém acesa a chama da tradição e do afeto, que habita os ranchos, os galpões dos mais longínquos rincões do pago do sul, chegando a ser o maior veículo de comunicação.
O mate é a voz quíchua, que designa a cuia, isto é, o recipiente para a infusão do mate. Atualmente, por extensão passou a designar o conjunto da cuia, erva-mate e bomba, isto é, o mate pronto.
O homem do campo passou o hábito para a cidade, até consagrá-lo regional. O Chimarrão é um hábito, uma tradição, uma espécie de resistência cultural espontânea.
Os avios ou os apetrechos do mate constituem o conjunto de utensílios usados para fazer o mate. Os avios do mate são fundamentalmente a cuia e a bomba.
A LENDA DA ERVA MATE
" Contam que um guerreiro guarani, que pela velhice não podia mais sair para as guerras, nem para a caça e pesca, porque suas pernas trôpegas não mais o levavam, vivia triste em sua cabana. Era cuidado por sua filha, uma bela índia chamada Yari, que o tratava com imenso carinho, conservando-se solteira, para melhor se dedicar ao pai.
Um dia, o velho guerreiro e sua filha receberam a visita de um viajante, que foi muito bem tratado por eles. À noite, a bela jovem cantou um canto suave e triste para que o visitante adormecesse e tivesse um bom descanso e o melhor dos sonos.
Ao amanhecer, antes de recomeçar a caminhada, o viajante confessou ser enviado de Tupã, e para retribuir o bom trato recebido, perguntou aos seus hospedeiros o que eles desejavam, e que qualquer pedido seria atendido, fosse qual fosse.
O velho guerreiro, lembrando que a filha, por amor a ele, para melhor cuidá-lo, não se casava apesar de muito bonita e disputada pelos jovens guerreiros da tribo, pediu algo que lhe devolvesse as forças, para que Yari, livre de seu encargo afetivo, pudesse casar.
O mensageiro de Tupã entregou ao velho um galho de árvores de Caá e ensinou a preparar a infusão, que lhe devolveria as forças e o vigor, e transformou Yari em deusa dos ervais, protetora da raça guarani.
A jovem passou a chamar-se Caá-Yari, a deusa da erva-mate, e a erva passou a ser usada por todos os componentes da tribo, que se tornaram mais fortes, valentes e alegres.".
Além de chimarrão ( e mate ), a tradicional bebida também atende aos seguintes nomes: tereré, tererê, erveira, congonha, erva, erva-verdadeira, erva-congonha, chá-mate, chá-do-paraguai, chá-dos-jesuítas, chá-das-missões, mate-do-paraguai, chá-argentino, chá-do-brasil, congonha-das-missões, congonheira, mate-legítimo, mate-verdadeiro, dentre outros.
O povo do sul principalmente adotou o costume e toma chimarrão todos os dias, em vários horários do dia também, ou em casa, ou nos vizinhos e até no trabalho, e enquanto tomam chimarrão vão conversando e contando " causos " e histórias, mas há os que preferem tomar sozinhos também.
Para alguns o chimarrão como popularmente é conhecido aqui, já tornou-se um vício, um vício bom, tendo em vista que os benefícios do chimarrão ( ou da erva ) são inúmeros e dentre eles estão:
- Estimulante da atividade física e mental;
- Estimula a circulação;
- Tem ação antioxidante, capaz de combater o envelhecimento das células;
- Elimina estados depressivos;
- Regulariza a respiração;
- Facilita a digestão;
- Promove a sensação de bem-estar e vigor;
- Regula as funções sexuais;
- Tem efeitos cosméticos na pele;
- Previne a arteriosclerose;
- Previne gripes e alergias;
- Diurético;
- Diminui o colesterol e triglicerídeos;
- Favorece o emagrecimento;
- Previne a doença de Parkinson;
- Combate a celulite;
- Ajuda na prevenção de diabetes;
- Faz bem ao coração;
- Para obter estes benefícios, escolha um produto de qualidade, que seja 100% natural e acima de tudo que não contenha açúcar.
É impressionante o " poder de sedução " do chimarrão, esse final de semana que passou tive dois exemplos claríssimos disso na festa do município, onde para mim em especial uma das maiores atrações foi mesmo e mais uma vez o " stand " da erva mate Mazutti.
O primeiro exemplo fica por conta do número de amigos que se faz ou se encontra ( reencontra ) enquanto passa o chimarrão de mão em mão, ele não pára e parece ter mesmo o dom de unir ( ou reunir ) as pessoas.
O segundo exemplo fica por conta de que enquanto eu bebia chimarrão, simultaneamente postava fotos em diversas redes sociais, e estas eram bastante curtidas e comentadas, e algumas até seguidas de um pedido um tanto especial ( principalmente pelos amigos de longe onde a erva mate da Mazutti, a melhor que já conheci, ainda não chegou ), o pedido era para que mandasse o produto daqui para lá porque eles já estavam com saudade da erva.
Um recado a estes: Em conversa com o pessoal da própria ervateira Mazutti, soube que ela está sendo sim comercializada de Blumenau para frente, passando por Balneário Camboriú ( onde muito se pede da erva ), Itapema e segundo eles próprios chegando até na capital. Afirmam inclusive que ela está sendo comercializada inclusive fora do país, no Paraguai por exemplo, embora ainda no litoral só seja encontrada em mercados de " maior porte " mas que em breve deve estar " dominando " os mercados e mercearias em geral, portanto, sorriam!
E para encerrar, eu particularmente adoro mate, ou chimarrão ( e tomo diariamente no trabalho mesmo ), aprendi com meus pais que tomavam desde cedinho até o entardecer, sentávamos e conversávamos tomando mate, ou chimarrão principalmente entre vizinhos, que saudades desse tempo que não mais voltará, mas, as lembranças desses tempos e a tradição, ah, essa com certeza continuará...!
" O DOCE DESTE AMARGO ME FAZ BEM...".

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