segunda-feira, 22 de outubro de 2018

CORINA, A SANTA POPULAR DOS CAMPOS GERAIS.


CORINA, A SANTA POPULAR DOS CAMPOS GERAIS.


( ponto de vista / pesquisa / assunto sugerido ),

Em meio às cores escuras e sóbrias do Cemitério Municipal São José, em Ponta Grossa, um túmulo cor-de-rosa se destaca. No o local onde está enterrada Corina Antonieta Pereira Portugal tem quase cem placas de agradecimentos e muitas flores. A devoção popular à carioca radicada nos Campos Gerais já dura 126 anos. Ela foi assassinada pelo marido, em 1889, acusada de uma falsa traição. Corina virou símbolo para mulheres que tinham problemas no casamento. Com o tempo, os tipos de pedidos se ampliaram.

A história de Corina Portugal se mistura com conflitos políticos da região. Nascida em 17 de Janeiro de 1869, no Rio de Janeiro, ela veio para Ponta Grossa depois de se casar com o farmacêutico Alfredo Marques de Campos, em 1885. O marido descontava em Corina suas frustrações potencializadas pela dependencia do álcool e dos jogos. Na noite de 26 de Abril de 1889, Campos assassinou a esposa com 32 golpes de punhal.

Mas a comoção local com a história de Corina só ocorreu tempos depois.

Vicente Machado, na época deputado provincial e advogado de defesa de Campos, teria inventado a traição para livrá-lo da condenação. O amante seria o médico João de Menezes Dória, também deputado provincial e adversário político de Machado.

À época, a opinião pública apoiou o criminoso considerando que ele agiu para defender sua honra. Dória então foi viver Curitiba, de onde passou a escrever sobre o caso. Contou com o apoio do pai de Corina, que enviou cartas escritas pela filha. Nos documentos, ela relatava os maus-tratos e as ameaças recebidas do marido. Mesmo com as novas provas, o farmacêutico acabou absolvido em todos os tribunais. Mesma sorte não teve com a população, que dessa vez percebeu a falsidade em torno do suposto adultério. Foi então que Corina passou a ganhar seus primeiros admiradores e o viúvo da jovem cometeu suicídio. Deu um tiro na cabeça, em Setembro de 1895, em um hotel do Rio de Janeiro. Deixou um recado em um pedaço de jornal: “ morro por estar farto de sofrer – Alfredo Marques de Campos ".

Hoje, o túmulo de Corina é o mais visitado no Cemitério São José. O zelador Antônio Djalma Oliveira conta que os devotos fazem visitas principalmente nas segundas-feiras e nos fins de semana. “ Tem gente que faz promessa de pintar o túmulo se for atendido ”, conta Oliveira. A última foi no ano passado.

História para ler e ouvir:

Mais de um século depois da morte de Corina, o advogado ponta-grossense Josué Corrêa Fernandes publicou, em 1999, o livro Corina Portugal – história de sangue e luz. “ Não tinha quem levasse o caixão no enterro dela, pois estavam todos do lado do marido ”, afirma. No processo de produção do livro, Fernandes também registrou os pedidos de devotos deixados em bilhetes no túmulo de Corina. “ Eram mulheres com problemas com o marido, pedindo para a filha largar do namorado, pedidos de emprego e para passar no vestibular ”.

Para ele, uma das principais marcas do caso é o atrito pessoal entre Vicente Machado e João de Menezes Dória. “ Percebi na pesquisa que ela foi deixada de lado e os dois ficaram brigando por causa de política ”, diz. A segunda edição do livro foi publicada em 2007. Em Junho deste ano, Fernandes passou a publicar trechos do livro no Facebook.

A memória de Corina também já ganhou cordel, música e uma radionovela transmitida por uma emissora local, baseada no livro de Fernandes e adaptada pela educadora Lucélia Clarindo. No mês passado, um grupo de contadores de história apresentou o Cordel de Corina Portugal, do escritor ponta-grossense Eno Theodoro Wanke.

O livro:

A história de Corina Portugal volta a ser contada na presente obra, que revela detalhes do crime de que foi vítima.

Mostra, também, a dedicação daqueles que nela enxergam uma intercessora para suas súplicas em momentos de angústia e amargura, ao longo desses cento e dezoito anos de fidelidade e renovadas esperanças.

Misturando-se ao infortúnio de Corina, o autor narra detalhes interessantes da própria história do Paraná, uma vez que homens de relevo, como Vicente Machado, João Menezes Dória, Conrado Caetano Erichsen. tiveram, de alguma forma, papel destacado não apenas no drama que se abateu sobre a jovem carioca, barbaramente assassinada pelo marido, como também nos enredos políticos que envolveram esse acontecimento.

A " Santinha dos Campos Gerais ", como a chamou o intelectual princesino Eno Theodoro Wanke, volta a ser focalizada, mormente em razão da suave força mística que irradia há mais de um século, atraindo multidão de crentes e de sofredores ao redor de sua humilde camponesa.

"...Muitas mulheres que viviam sofrendo pela violência dos maridos, acreditavam que Corina podia ajuda-las e dirigiam-se até o túmulo para pedir por proteção e eram atendidas. Passados muitos anos, um prefeito da cidade Vicente Bittencourt resolveu abrir uma rua e foi autorizado a remover alguns túmulos do cemitério, entre eles o de Corina.

Para surpresa dos trabalhadores, quando abriram a sepultura, ela estava intacta e parecia uma santa. Assustados, chamaram um padre para ver e este pediu segredo do ocorrido. O corpo foi levado para o cemitério São José.

Hoje, principalmente no dia dos finados, o seu túmulo é um dos mais visitados e dizem que sempre pessoas alcançam graças solicitadas a Corina Portugal...".

A história de Corina Portugal, morta pelo marido em 1889, é o tema da peça de teatro “ Súplicas ”, que estreia na quinta-feira ( 22 ) e secta-feira ( 23 ) em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná. Ela é tida como " santinha " por moradores que atribuem milagres à Corina.

A peça é ambientada no fim do século 19 e mostra desde a chegada de Corina a Ponta Grossa, com o marido Alfredo Marques de Campos, até o assassinato que foi, em tese, motivado por ciúmes.

A história da “ santinha” se baseou no livro “ Histórias de sangue e luz ”, de Josué Corrêa Fernandes, e no cordel literário “ A santinha dos Campos Gerais ”, de Eno Teodoro Wanke.

Resolvi colar esta história, narrada de forma ímpar por Eli Corrêa na Rádio Capital ontem ás 14:00 e que tive oportunidade de conhecer ás 02:00 da manhã ( reprise ) na mesma rádio que ouço todas as madrugadas.

Mesmo não tendo nada a ver uma coisa com outra, não sei porque enquanto ouvia ontem a história acima, identifiquei-a com certa música do eterno Raul Seixas " A beira do Pantanal ", segue o link:
https://www.youtube.com/watch?v=CiSb76vE8fE

Oração à " Santinha de Campos Gerais ":

" SANTA CORINA PORTUGAL
BEM AVENTURADA CORINA PORTUGAL
QUE FOSTE MARTIRIZADA E DIFAMADA,
QUE TOMBASTE NO SANTO RECESSO DO LAR
PELAS TRINTA E DUAS PUNHALADAS DESFERIDAS
PELO PERVERSO QUE TE ESCRAVIZAVA E HUMILHAVA,
TENHA COMPAIXÃO DE MIM E DOS ANGUSTIANTES PROBLEMAS QUE HOJE ATORMENTAM MINHA VIDA,
FAZENDO-ME ENXERGAR SÓ ESCURIDÃO E DESESPERO.
GUARDIÃ DAS MÃES AFLITAS PELOS FILHOS
QUE CAMINHAM NA PERIGOSA TRILHA DAS DROGAS, DO ALCOOL,
AUXILIADORA DAS ESPOSAS QUE NÃO SÃO ACEITAS OU COMPREENDIDAS PELOS MARIDOS,
SENTINELA DAS TRAGÉDIAS QUE PODEM OCORRER ENTRE NOIVOS E NOIVAS, NAMORADOS E NAMORADAS,
ALMA CÂNDIDA E LIMPA, ALVEJADA DO MAR DE SANGUE
QUE MAIS UM SÉCULO AINDA MANCHA A CIDADE...
OUVI ESTE MEU PEDIDO, LEVANDO-O A NOSSA SENHORA E SEU DIVINO FILHO COM AS MESMAS MÃOS RETALHADAS COM AS QUAIS TENTASTES DEFENDER-TE DA FÚRIA ASSASSINA DO TEU CARRASCO, SEGURAIS AS MINHAS, SUSTENTANDO-ME PARA QUE EU ME LEVANTE DO CHÃO DA AMARGURA.
AJUDAI-ME A VENCER TODOS OS OBSTÁCULOS, PROTEGEI A MIM E A MINHA FAMÍLIA, DAÍ-NOS A TODOS SERENIDADE, PAZ, TRABALHO, AMOR E COMPREENSÃO.
ENSINA-NOS QUE A VIDA É UM DOM DE DEUS, E QUE AS MAIS COMPLICADAS SITUAÇÕES PODEM SER RESOLVIDAS COM FÉ E COM CALMA, PORQUE, A CADA DIA E A CADA MANHÃ, TODAS AS CHANCES NOS SÃO DEVOLVIDAS NESTE ETERNO RECOMEÇO.

BEM AVENTURA CORINA PORTUGAL, 

Nenhum comentário:

Postar um comentário