sexta-feira, 27 de abril de 2018

O " SALVE " A CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA.

O " SALVE " A CARLOS ALBERTO BRILHANTE USTRA.

( P.V / P / A.S / 245-2016 ),
Carlos Alberto Brilhante Ustra ( Santa Maria, 28 de Julho de 1932 - Brasília, 15 de Outubro de 2015 ) foi um coronel do Exército Brasileiro, ex-chefe do DOI-CODI do II Exército ( de 1970 a 1974 ), um dos órgãos atuantes na repressão política, durante o período do regime militar no Brasil ( 1964-1985 ). Também era conhecido pelo codinome de Dr.Tibiriçá.
Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar a ser reconhecido, pela Justiça, como torturador durante a ditadura. Embora reformado, continuou politicamente ativo nos clubes militares, na defesa da ditadura militar e nas críticas anticomunistas.
Morreu aos 83 anos, em 15 Outubro de 2015, em razão de uma pneumonia, vítima de falência múltipla de órgãos após algumas semanas de internação hospitalar. Sua morte foi lamentada por setores da sociedade como um símbolo da impunidade aos responsáveis pelos assassinatos e torturas cometidos pela ditadura militar no Brasil.
Ainda em 2008, por decisão em primeira instância do juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível de São Paulo, o coronel Ustra tornou-se o primeiro oficial condenado em ação declaratória por sequestro e tortura, mais de trinta anos depois de fatos ocorridos durante a ditadura militar ( 1964 - 1985 ).
Publicada em 09 de Outubro de 2008, a sentença é o julgamento, em primeira instância, ao requerimento de dois ex-guerrilheiros e seus filhos Janaína de Almeida Teles, Edson Luis de Almeida Teles, César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e uma quinta pessoa, Criméia Alice Schmidt de Almeida, que acusaram Ustra, agente de órgãos de segurança nos anos 1970, de sequestro e tortura em 1972 e 1973, requerendo à Justiça que, através de uma ação declaratória, ele fosse reconhecido como torturador.
Na sentença, ficou reconhecido que o militar, na qualidade de chefe de operações do DOI-CODI de São Paulo, deveria saber que naquele lugar eram feitas sessões de interrogatório. Baseado em depoimento de Persio Arida ao final, julgou:
" Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado pelos autores César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles e Criméia Alice Schmidt de Almeida.... JULGO IMPROCEDENTE o pedido formulado pelos autores Janaína de Almeida Teles e Edson Luis de Almeida Teles... ". - GUSTAVO SANTINI TEODORO - Juiz de Direito.
O advogado do coronel Ustra, Paulo Alves de Souza, continuou afirmando que os ex-guerrilheiros, autores da ação, mentiam e anunciou que recorreria da decisão. Em Agosto de 2012, o TJSP rejeitou o recurso de Ustra, confirmando a sentença anterior que o declarara torturador.
Nesse mesmo depoimento, o coronel afirmou que a presidente Dilma Rousseff participou de “ organizações terroristas ” para implantar o comunismo no Brasil nas décadas de 1960 e 1970.
Segundo Ustra, se os militares não tivessem lutado, o Brasil estaria sob uma “ ditadura do proletariado ”. “ Se não fosse a nossa luta, se não tivéssemos lutado, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o ‘ paredon ’. Hoje não existiria democracia nesse país. O senhores estariam em um regime comunista tipo o de Fidel Castro ( ex-presidente de Cuba )”, afirmou Ustra à época.
Ustra era chamado nos porões da ditadura de “ Dr. Tibiriçá ” e teria causado momentos de extremo pavor. Em alguns casos, até mesmo com prazer.
O Dossiê Ditadura, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos, relaciona o coronel com 60 casos de mortes e desaparecimentos em São Paulo.
A Arquidiocese de São Paulo, por meio do projeto Brasil Nunca Mais, denunciou mais de 500 casos de tortura a mando de Ustra nas dependências do DOI-Codi.
Um grupo de 150 militantes do Levante Popular, do Movimento dos Pequenos Produtores e da Juventude do MST realizou dia 31 de Março de 2014 um " escracho " em frente à casa do ex-coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, em um bairro nobre de Brasília. Por meia hora, cantaram músicas do tempo da ditadura, colaram cartazes na vidraça de frente da residência e no portão e escreveram no asfalto que ali morava um torturador.
No dia 17 de Abril de 2016, durante votação pelo prosseguimento do processo de impeachment contra Dilma Rousseff, Ustra foi elogiado por Jair Bolsonaro em discurso.
Enfim, um nome até então desconhecido ( para alguns, pra mim inclusive... ) bem debatido de uns dias pra cá, principalmente depois de ter sido o mesmo " saudado " pelo deputado Jair Bolsonaro, recentemente na votação do impeachment da presidente Dilma...!.
" A PIOR DAS CORRUPÇÕES NÃO É AQUELA QUE DESAFIA AS LEIS, MAS A QUE SE CORROMPE A ELA PRÓPRIA ". - Louis Bonald.

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