terça-feira, 5 de julho de 2016

UM " MONSTRO SAGRADO " CHAMADO CÉSAR PASSARINHO.


UM " MONSTRO SAGRADO " CHAMADO CÉSAR PASSARINHO.


( ponto de vista / pesquisa / homenagem / assunto sugerido ),

César Escoto, o César Passarinho, ( Uruguaiana, 21 de março de 1949 - Caxias do Sul, 14 de maio de 1998 ) foi um músico brasileiro.

Uma boina e um colete branco. Em cima do ombro, um pala. Nos pés, uma alpargata ou um par de botas combinando com a cor do lenço. César Passarinho, 49 anos, era o músico da pilcha.

O intérprete de Guri e Negro da Gaita. O cantor símbolo da Califórnia. Um homem quieto e de poucas palavras. Um " muxoxo " e não precisava mais que isso. No palco ele se soltava. As mãos voavam como a reger uma sinfonia de um único cantor.

César Passarinho morreu ( 1998 ) no Hospital Saúde em Caxias do Sul. O cantor se manteve internado por 43 dias tratando de um câncer no pulmão direito.

O apelido Passarinho é uma referência ao pai, que tinha a alcunha de gurrião ( pardal ). O filho do pássaro se transformou em passarinho.

O músico das milongas começou a carreira musical tocando nos bailes de Uruguaiana. O Grêmio Tiradentes, o Clube Caixeral e o Clube Comercial eram animados por conjuntos que tocavam música popular brasileira.

César Passarinho se destacou, entre outros, no Conjunto Hi-Fi. O mais inusitado de tudo era o seu instrumento.

Além de cantor, Passarinho era baterista. Foi com a 3ª Califórnia, em 1973, que ele descobriu a música regionalista com a apresentação da composição Último Grito.

César Passarinho sempre foi um homem da noite, um boêmio. Era comum encontrá-lo no Corinthians ou no Bar do Cid, lugares em que ele se reunia com os amigos em Uruguaiana.

Durante a década de 70, a bebida afastou-o diversas vezes dos palcos.

Califórnia e César Passarinho são sinônimos. O festival e o músico começaram juntos. O cantor uruguaianense acabou se transformando na marca registrada do festival de música nativista.

Com quatro Calhandras de Ouro, troféu máximo da Califórnia e a conquista de sete prêmios de melhor intérprete, Passarinho foi o mais destacado dos vencedores do festival.

Em 1983, com Guri, o " pássaro cantor " voou mais alto do que se poderia imaginar. A canção subiu ao palco da Califórnia com nomes como Neto Fagundes e Renato Borghetti.

César Passarinho ensaiou a música um dia antes da interpretação e foi exatamente ali que veio a redenção. Naquele ano, o músico se afastou das bebidas e passou a se dedicar à música.

César Passarinho será lembrado como um artista que gostava de cantar o romantismo e as coisas do campo. Com a sua morte, a geração Califórnia ficou órfã e o Rio Grande gaúcho esteve de luto.

" A calhandra, pássaro de canto doce, que só canta quando está livre, nunca mais será entregue a um César que voava até no nome.".

Guri ( João Machado da Silva e Júlio Machado da Silva Filho ) se encerra com os versos “ E se Deus não achar muito / Tanta coisa que pedi / Não deixe que eu me separe / Deste rancho onde nasci / Nem me desperte tão cedo / Do meu sonho de guri / E de lambuja permita / Que eu nunca saia daqui...”.

Passarinho foi sempre assim, um guri que cantava. Um músico que continuará representando com sua voz o canto e a tradição do Rio Grande do Sul.

Sua discografia:

- 1983 - Fundamento
- 1985 - Solito
- 1988 - Negro de 35
- 1991 - Assim no Más
- 1993 - 18 Sucessos de César Passarinho
- 1995 - De Alma Leve
- 1996 - Milongueando essas Lembranças Tuas

E, como nesta semana que passou, o racismo teimou em se fazer presente aqui nesta rede social, concluo esta singela homenagem a este " mostro sagrado " ( e negro ) com uma " rapidinha " sobre ele:

Contam as " más línguas " da geração passada que em certa feita esse " monstro sagrado " e já falecido de nome Cesar Passarinho, veio a um Festival da Canção que acontecia aqui na minha cidade, mais precisamente em um ginásio de uma sociedade aí ( que não recordo o nome e nem sei que fim levou... mas muitos lembrarão... ) e que após apresentar-se com a sua música ele foi intensamente vaiado.
O motivo das vaias, ainda segundo as " más línguas " da época? Ele era negro...!

" HÁ UMA COISA MUITO ESCASSA, MUITO DISTANTE, MUITO MAIS RARA QUE O TALENTO, É O TALENTO PARA RECONHECER O TALENTO...". - Elbert Green Hubbart.

Um comentário:

  1. Show de bola, a que cidade você se refere? Aqui nos rodeios de Vacaria ele era ovacionado.

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