terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

SIMPLICIDADE.

SIMPLICIDADE.

( ponto de vista ),
A vida no interior, lá mesmo onde eles plantam para o seu próprio consumo ( e o seu aqui da cidade também ) é muito simples, lá impera a humildade e a simplicidade ( mas a simplicidade de fato, não essa que muitos " pregam da boca para fora " diariamente ), lá tudo é farto, tudo é feito com amor, com cuidado e com muito suor, porém, na maior simplicidade do mundo, tudo por lá é barato e você tem que " dar um jeitinho " para deixar o dinheiro ( pagar ), pois na maioria das vezes e a maioria deles não querem cobrar pelos produtos.
Lá no interior hoje, estive conversando com uma senhora de 74 anos que tive o prazer de conhecer na semana passada ( minha esposa já a conhecia da feira ) e um senhor de 84 anos, gente, eles me pareciam ter 20 ou 30 anos pela agilidade e pela disposição, claro que aparência não, está conta suas idades de verdade, aparência meio " surrada da labuta diária ", mas a vontade, a motivação, a simplicidade e a energia deles é indiscutivelmente impressionante, e contagiante.
Eles sabem tudo sobre chás ( ervas ) e para o que servem, e pelo que me pareceu eles não precisam ( tanto quanto nós ) de remédios de farmácia, tomam chás, se alimentam saudavelmente, e consequentemente vivem muito mais que nós, são verdadeiros " pajés ", verdadeiros sábios.
Eles, as pessoas do interior sabem e conhecem sobre todas as vitaminas dos produtos que eles plantam e te contam direitinho o que é bom para o quê em se tratando de uma boa saúde. Sabem sobre a posição da lua, sobre a previsão do tempo, eles sabem de tudo.
De certa forma dá para entender a saúde e a longevidade deles, começando por analisar o ar que eles respiram, é ar puro, o barulho que eles ouvem, é o " barulho " do silêncio, os " burburinhos " que são obrigados a conviver dioturnamente, o " burburinho " dos bichos, sem contar é claro os produtos sem nada, eu disse sem nada de agrotóxicos.
Moram e se vestem de forma simples, muito simples mesmo, por algumas vezes falam " errado ", mas é um " errado " tão lindo e tão simples que chega a emocionar e dar vontade de voltar no tempo e começar tudo outra vez, mas desta vez de lá, do campo. Logo, a sabedoria deles, assim como a motivação, a simplicidade e a energia deles, também é impressionante.
Eles aproveitam tudo gente, o lixo é escasso por lá e não existe desperdício de nada lá, mesmo em meio a toda aquela fartura, exemplifico, o milho que é colhido é consumido, já o pé que não tem mais milho é quebrado e levado para as vacas que se alimentam de tudo aquilo, e aquele milho " passado " que não podemos mais consumir, vira ração para o gado, para as galinhas e os porcos, animais estes que, diferente aqui da cidade, crescem no tempo certo e são tratados de forma natural, sem aquela " pressa " toda de ficarem " prontos para o abate " em menos de 15 dias, eles, os " colonos ", são geniais.
Eles cumprem seus horários para alimentação dos animais, e para isso não importa se está chovendo ou o sol está a a pino, se é Verão ( quente ) ou Inverno ( Frio de doer aqui na minha região... ), os animais já estão condicionados a receberem a alimentação no horário certo, hoje percebi certa inquietação dos porcos no chiqueiro em determinado horário ( 18:00 ) e pedi o porque daquilo: " Está na hora de receberem o soro do queijo que costumamos dar a eles nesta hora ". E era um fato, logo aquietaram-se novamente.
Eles cultivam lavouras, cuidam da casa, e a aparência deles é mesmo o que demonstra toda a felicidade com que vivem e que têm o dom de transmitir, aliás, esta é uma constante " estampada " no sorriso simples e espontâneo de cada um deles.
E o que mais nos ( me ) deixa espantados, é que aqui na cidade já acostumamos a viver " trancados " por medo de roubos, sequestros ou de não sabermos mais em quem e no que confiar, enfim, temos medo de tudo, e lá no campo eles nem te conhecem e depois de um sincero sorriso te " convidam para entrar " e se você entra já te convidam para " tomar um café, te tratam super bem, independente de você estar de chinelo ou estar de terno e gravata, isso sim é um exemplo de vida e de humildade. Ou você conhece um exemplo maior?
Eles moram á quilômetros da cidade, hoje percorri uns 30 eu acho, e, por vezes você está andando nas estradas do interior " meio perdido " em meio a tanta natureza e de todos os lados, e paira dúvidas de onde você está indo, é aí que você encontra um " camponês caminhante ", e ele te dá a informação que você necessita ( de como se chega na cidade... ) com precisão e simpatia, e assim, sem medo, sem receios e sem maldades. Sem contar algumas casinhas simples, muitas dessas e as vezes sozinhas em determinados lugares, e mesmo assim ( ou apesar disso ) eles não têm medo, parecem não pensar no perigo ou não conhecê-lo, e ainda te tratam como se você fosse um membro importante da família deles. São bastante religiosos, confiam muito nesse Deus que diga-se de passagem foi generoso o suficiente com cada um deles.
Vale ressaltar que no interior eles dormem bem cedo, e não sei como conseguem acordam mais cedo ainda, muito cedo mesmo, de certo por terem inúmeros afazeres e muita vontade de viver.
A impressão ( impressão não, certeza ) que trazemos ( trago sempre ) lá do interior, é a mais exata impressão da expressão de liberdade no verdadeiro sentido da palavra, de fartura e principalmente de simplicidade.
Mas, o relógio não perdoa e o tempo não volta, comecei a chegar na cidade, e logo me voltou um " certo mal estar ", uma sensação de responsabilidade ou de compromisso, dei de cara outra vez com a " maldita rotina ", com o ar poluído e pesado, enquanto lá, o ar era puro e a energia era leve, esta que me fez esquecer te todos os meus problemas ( sim, eu também os tenho ), onde tudo me pareceu tão perfeito, perfeito e simples.
É uma espécie de " choque ", é até difícil explicar, é como você voltar do litoral ( por exemplo ) onde impera a energia do sal ( renovado ) e passar sob uma placa maldita ( mais precisamente em Curitibanos ) que diz assim: " Bem vindo á região do Contestado " ( isso acaba com a sua energia, a " aura " desta região é pesadíssima ), bah, dá vontade de voltar, isso quando não passa pela cabeça até desistir. Desistir de que? Não sei...
Foi mais ou menos assim que aconteceu hoje, quando de volta á cidade me deparei logo na chegada, no primeiro semáforo ( da descida do parque ) com gente " catando lixo " em um ponto de ônibus para sobreviver ou fazer viver os seus, meu Deus, que contrastante essas duas realidades.
Me perguntei, como pode a cidade ser tão diferente do campo, sendo que aqui na cidade alguns se acham importantes pela roupa que vestem, pelo carro que andam ou pelo cargo que ocupam, e lá, no paraíso dos chinelos, das carroças e luta diária na roça eles serem tão ( mais ) sábios e tão ( mais ) simples, ah, e muito ( mas muito ) menos complicados.
Ai, ai, quem me dera poder voltar no tempo, e abdicar de tudo, e poder morar lá no campo, de fazer tudo diferente e levar uma vida simples, tranquila e com a verdadeira " cara da felicidade ", poder respirar aquele ar puro, viver em meio aos animais, no " meio do mato " mas de uma forma muito mais feliz...!
Algumas citações para " provar " que não estou sozinho em meu " raciocínio ",
" A simplicidade é o que há de mais difícil no mundo: é o último reduto da experiência, a derradeira força do gênio.". - Sand, George.
" A simplicidade é a consequência natural da elevação dos sentimentos.". - Alembert, Jean.
" Nunca poderá ser ofensivo aquilo que a simplicidade e o zelo ditam.". - Shakespeare, William.
Bem, me faltaram as palavras, conclui para mim aí, Paula Fernandes e Almir Satter... https://www.youtube.com/watch?v=z75JpfOKIBI ...!
p.s. Dedico este texto a todos os " colonos ", aqui representados pela " noninha ", D. Anair Dalbosco.

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