terça-feira, 20 de junho de 2017

O QUE NÃO SE PODE EXPLICAR AOS " NORMAIS ".

O QUE NÃO SE PODE EXPLICAR AOS " NORMAIS ".

( ponto de vista / querido diário ),
Mais um Domingo com cara de " jacu " ( uns bichinhos até que bonitos, mas que têm o péssimo hábito de atacar plantações, soube disso mês passado mas só conheci hoje ali pros lados da Linha Cará ), força de expressão, um Domingo chato e que tinha tudo para ser modorrento como tem sido todos os Domingos deste mês.
Trânsito, grades nas janelas, cidade, trânsito, grades nas janelas, cidade não dá, nem só disso vive ( ou pensa que vive ) o homem, bora lá tocar a hashtag #PartiuMato e " entrar em off " pelo menos um pouquinho, afinal, pode não parecer, mas eu também sou filho de Deus, ou acho que sou.
Tempo nublado, frio e com garoa de fina á grossa e logo na chegada o nono abaixo de chuva lá do fundão, pra lá dos potreiros enquanto nos escondíamos no carro, já nos viu mas não veio nos encontrar. Ele, muito sábio no auge de seus quase 80 anos " conversava com os bichos ", assim, " toooo, toooo, toooo " ou " memaa, memaa, memaa " e o mais interessante, os bichos, mais precisamente as vacas, respondiam com seu " muuuuu ", e mais, sozinhas, atendiam ao seu chamado e iam se recolhendo, fiquei pensando, o que ocorre comigo ( aqui da cidade ) que tento " por ordem na casa " com os gatos que atacam os pássaros, com os cachorros que atacam os gatos e até com a chinchila sem êxito nenhum?
Demoraram mais alguns 15 minutos, até o nono e a nona tirarem o leite das vacas para fazerem o queijo que não pode faltar aqui em casa ( na cidade ), e eu ( nós ) lá esperando e fotografando as flores, as árvores, os frutos, os bichos e a paisagem enfim, eu particularmente já começava a me sentir aliviado.
Opa, lá vem eles, ambos octogenários e abaixo de chuva vinham carregando cada um os seus recipiente de leite, sim, cada um tira leite das suas vacas, depois misturam tudo, mas cada qual tem a sua obrigação.
Nos cumprimentamos e eles molhados tiraram suas " sete léguas " totalmente embarradas e deixaram lá fora, e descalços, isso mesmo, descalços enquanto eu tremia de frio entraram para dentro da casa, me coloquei a pensar novamente, o que ocorre comigo ( aqui da cidade ) que se sair do chuveiro quente e pisar no chão gelado vou ( ou vamos ) ficar no mínimo gripado ou até parar no hospital?
Entramos, eles pela porta de serviço e nós pela porta de visitas ( mesmo que só fomos lá para comprar vinagre tinto e queijo ) e quando nos encontramos lá dento eles já estavam lindos, o nono de chapéu e pala e a nona com uma blusinha de lã fininha e de chinelinho de pano em volta do fogão, este que em nenhum momento parou de fumegar pela chaminé.
Em questão de minutos já estávamos todos sentados e o chimarrão rolando, e nesses mesmos minutos já estavam prontos também o pinhão e a batata doce, ambos assados na chapa do fogão, e eu me coloquei a pensar novamente, o que ocorre com nós ( aqui da cidade ) que demoramos cerca de 15 minutos só para acender o fogo?
A conversa flui agradavelmente, do pão com requeijão fresquinho ao copo de caldo de cana que estava guardado na geladeira e que me fez pensar mais uma vez, se lá em casa, eu ( aqui da cidade ) tomar um copo de caldo de cana que esteve por alguns dias na geladeira ( sem ser fresco ) com certeza terei um mal estar no estômago? Pois é, estava um delícia e serviu até de digestivo para as coisas quentes que tínhamos recém ingerido, incrível.
Conversamos muito ainda, a humildade sempre me encantou ( só nasci na cidade por um erro de cálculo mesmo ) e a reação da nona quando olhava lá de dentro pela porta também me chamou atenção, ela disse assim: - Fico preocupada quando " fica preto " para aquele lado. Alguns minutos depois, juntos da chuva forte muitos raios e trovoadas lá fora, logo, na saída, era noitinha já e ela olhou para o mesmo lado e disse assim: - O dia deve ser lindo amanhã, bah, nem preciso dizer que mais uma vez, eu ( aqui da cidade ) me peguei pensando, de que adianta toda aquela tecnologia que uso diariamente, para ver a previsão do tempo inclusive e que geralmente " dá na trave "?
Enfim, foram tantas coisas hoje que me fizeram pensar que resolvi relatar aqui para você, meu " querido diário ", essa porção de perguntas sem respostas ( aqui na cidade ) e que lá ( no mato ) são tão comuns.
Agora é aproveitar " a vibe " absorvida lá enquanto eu aprendia a fazer queijos, e torcer para que o dia de amanhã ( quando tudo vai começar outra vez, o trânsito, as grades nas janelas e a cidade... ) seja realmente como disse aquela sábia nona, um dia lindo e ensolarado, e que assim seja toda a semana, e que o próximo final de semana possa chegar rapidinho e mais uma vez para que eu possa voltar lá, receber aquele carinho gratuito ( que não tem aqui na cidade ) do meu nono e da minha nona ( por consideração ), afinal, também me peguei pensando nisso, porque será todo mundo teve na vida a oportunidade de ter um nono e uma nona, ou dois até de cada, e eu, nunca tive nenhum...
É, são tantas perguntas sem respostas ( ou respondidas... ) que o melhor a fazer é parar de perguntar um pouco e prestar mais atenção nas respostas...!
" A FELICIDADE SE ENCONTRA NAS COISAS MAIS SIMPLES DA TERRA.". - Armandinho.

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